Artigo: Água empoçada funde céu e terra

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna*

Somos cercados por conhecimento a todo momento. Nas férias tento me distrair com outros afazeres, todavia a leitura é o meu ócio Domenico De Masi. A praia fica a vinte quilômetros aqui de casa, pela estrada que atravessa o Morro Congonhas deve ser mais rápido ainda, as águas são convidativas, claras e cristalinas, de um lado Jaguaruna, do outro Laguna, eis que a leitura é quem me apetece. Talvez este seja o melhor momento para aproveitar e enveredar por outros campos literários, pois durante os doze meses do ano as leituras realizadas por mim são todas (ou quase todas) relacionadas ao meu ofício docente. Literatura, Redação e Gramática são os assuntos e obras que me coordenam. Ditam as cartas por aqui, ops, ditam as páginas…Juro que aproveitarei, já combinamos que a partir do dia 11 de janeiro, retorno para as atribuições docentes no dia 24 de janeiro, nosso destino (refiro-me a minha família) será a praia.

Como diz a minha filha menor, Valentina, este não pode ser apenas um desejo, é necessário que se concretize. Está certa. Corretíssima. E com essa máxima da minha caçula, relembro-me dos desejos de saúde e felicidade bradados durante a virada de ano e o primeiro dia deste 2022. Que não fiquemos restritos a estes dois dias apenas, como se os demais dias do ano fizessem parte de um calendário não-existente. Fosse fruto de um egoísmo natural. Todos se amam, todos perdoam, todos se abraçam em uma comunhão hipócrita. Conviver com o diferente é uma arte, e precisamos exercê-la cotidianamente. Altruísmo talvez seja a palavra que faltara em seu vocabulário, em nossas atitudes. Como diz a cantora Sandra de Sá: “O ato é um fato sem f”.

E nesse ínterim há a diferença entre aqueles que se acostumam com o conhecimento superficial, esse – levado pelo “boca a boca” – tecnicamente chamado de senso comum; ou, este – adquirido através de leituras, estudos, horas diante da análise – tecnicamente conhecido como bom senso. E quase sempre os seres humanos se contentam com o conhecimento superficial sobre muitas coisas sem saber profundamente coisa alguma. A água empoçada pode fundir o céu e a terra, porém é necessário que se observe, seja perspicaz, atravesse a barreira das fofocas, das fake news, das falácias. Esse tipo de conhecimento requer habilidade, exige leitura, conexões ganhas através de figuras de linguagem, funções da linguagem, elementos pertencentes ao viés da pesquisa. Mas, qualquer um pode senti-la? Sim. É necessário o mergulho, o aprofundamento, a dedicação.

Não estou aqui clamando contra as suas férias, todavia o aviso é para que cada vez mais possamos ser críticos, e que a criticidade seja embasada em elementos confiáveis, cercados por análises e estudos. Que possamos sair das águas marítimas mais sapientes, pois este ano promete ser intenso…

Feliz 2022!

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

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